quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Crítica ao Stephen Ryan - Nacionalismo e Conflito Étnico

Desde o surgimento do nacionalismo no final do século XVIII, houve uma tensão muito grande entre os conceitos de Estado e nação, onde as fronteiras políticas do Estado e as fronteiras culturais da nação não coincidem. De acordo com o Ryan, estas reivindicações introduziram uma linha de falha na política mundial, onde não há qualquer indicação das conseqüências desta tensão que continua a atormentar a sociedade mundial, desta forma, a “Nova ordem Mundial” e a “Nova Europa” ainda estão enfrentando este problema antigo da comunidade internacional.
Após a Europa Ocidental se recuperar da guerra mundial que teve o nacionalismo como um dos fatores que fez a mesma culminar, esta ideologia começou a ser considerada como perigosa e reacionária, principalmente pelos Estados colonizados que eram governados pelas potências ocidentais.
Depois de 1945, o nacionalismo ainda era visto como uma força progressista capaz de mobilizar as pessoas para resistirem ao imperialismo. Nesta época, as vozes ocidentais dominavam o estudo da política mundial mais do que em qualquer outro período. Contudo, o nacionalismo começou a ficar complexo quando comparado ao conceito de etnicidade, especialmente porque muitas das pessoas carregam múltiplas identidades. Por exemplo, quando se falava de conflito étnico, os conceitos que se promoviam eram completamente equivocados, já que se fazia a idéia que as principais causas dos conflitos eram internos a sociedade, como a incapacidade de dois ou mais grupos culturais viverem juntos, outrossim, as causas de conflitos étnicos para Ryan também vem de fatores externos, como a prática colonial, fatores estruturais, má governo ou injustiça social, portanto, estes não podem e nem devem ser ignorados ou subestimados.
De acordo com Ryan, para discutirmos conflitos étnicos é preciso primeiramente definir os conceitos de etnicidade e nacionalismo. Ao conceito do autor, Smith faz uma importante distinção entre etnicidade e nacionalismo. Primeiramente, ele diz que está no modo de pensar sobre o mundo e sobre as pessoas que partilham a mesmo cultura que nós. Um grupo étnico tem um sentimento de solidariedade entre eles e uma associação com um território específico. O nacionalismo, por outro lado, “é uma espécie muito particular de patriotismo, que se torna patente e dominante apenas sobre certas condições sociais, que de fato prevalece no mundo moderno” (Gellner, 1983 p.138). De acordo com Smith (1991), a essência da doutrina do nacionalismo baseia-se no seguinte conjunto de hipóteses: o mundo é dividido em nações, e cada nação é a fonte de todo o poder político, social e de lealdade. Os seres humanos devem se identificar com uma nação, se quiserem ser livres e se realizarem, as nações devem ser livres e seguras,e a paz e a justiça devem prevalecer no mundo.
Logo, o nacionalismo foi sim uma identidade muito poderosa e importante, capaz de unir lealdades pré-existentes, língua, raça, religião e território, entretanto, o nacionalismo é um princípio político que defende que a unidade nacional e a unidade política devem ser congruentes, e não uma ideologia, pois as ideologias transformam a realidade em mitos.
A Etnicidade, ou melhor, os grupos étnicos surgem a medida em que os indivíduos aprendem a executar sua cultura particular, e passam a se relacionar tanto com os membros de seu grupo como de outros, fazendo com que automaticamente apareçam as diferenças, as distinções entre uns e outros, formando assim outros grupos, com um modo de viver semelhante, cultura e objetivos em comum, os grupos étnicos. Ao tratar de conflitos étnicos, como afirmou Ryan, estes realmente podem ser provocados tanto internamente quanto externamente, como o que ocorreu na República Democrática do Congo (ex-Zaire) onde forças armadas de Ruanda, Uganda, Zimbabue e Angola não só tomaram partido das facções congolesas em luta, como acabaram se enfrentando em pleno território congolês. Os conflitos étnicos podem ser despolitizados por elites ou pelas massas.

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