terça-feira, 19 de outubro de 2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Crítica á Joanna Spear - Arms and Arms Control



Spear, uma especialista em assuntos internacionais, diretora da Elliott, uma escola de estudos políticos, ao falar sobre segurança internacional pós guerra fria, afirma que a corrida armamentista foi necessária para promover um novo conceito para a segurança coletiva internacional e para a regulamentação da queda de braços entre os Estados. A proposta de controle de armas tinha como princípio a coexistência pacífica dos Estados em uma nova ordem mundial, agora multipolar.
Proliferação de armas é um assunto atualmente muito discutido na agenda internacional, pois esta idéia de diminuição do armamento nuclear promoveu a idéia de monopólio coletivo do poder bélico internacional. De acordo com Spear, este monopólio de segurança estaria no poder das superpotências e dos membros do conselho de segurança, pois estes tinham a permissão do uso da força para a resolução de conflitos internacionais. Os esforços para conter o avanço dos armamentos nucleares ocorrem porque o crescimento destes por meio de indústrias bélicas e a fabricação de armas de destruição em massa, geram o desequilíbrio e a insegurança para o sistema internacional. Contudo, há uma contradição neste ponto, pois alguns dos conflitos ocorridos no pós Guerra Fria foram alimentados por armas comuns (pequeno porte).
Um dos fatores que fazem com que o empenho dos Estados em políticas de desarmamento nuclear seja ineficaz é devido ao choque de interesses entre as políticas de segurança internacional e os lucros que geram a venda de armas de destruição em massa.
Com o fim da Guerra Fria e o modelo de segurança coletiva, diminuiu relativamente a possibilidade de haver um conflito entre os Estados Unidos e a União Soviética, mas estes continuavam sendo os maiores detentores de armamento nuclear, e devido a este fato ficou muito difícil acreditar que esta relativa paz era possível. Como explica Spear, com a nova ordem mundial, para os Estados detentores desse tipo de armamento, a proliferação deveria acontecer apenas na forma vertical, somente para aprimorar o armamento já existente, já a proliferação em escala horizontal, ou seja, aquisição ou aumento do estoque de armas por parte dos Estados deveria ser contida.
Logo, a questão central é a importância que as armas nucleares têm em garantir a soberania dos Estados e a segurança internacional e se agora no século XXI o gerenciamento de controle de armas ainda pode ajudar prevenindo os conflitos e promovendo canais de comunicação entre os Estados. De um lado temos as superpotências, detentoras das armas de destruição em massa, e de outro lado, Estados inseguros procurando adquirir armas para se protegerem. Devido a insegurança do sistema internacional, este ciclo nunca vai acabar, os Estados que se sentem ameaçados devido a algum acontecimento relevante, para garantirem sua segurança e sua soberania irão cada vez mais aumentar seu poderio bélico. É possível dizer que hoje não existe um órgão internacional capaz de fazer um controle de armas, e se existisse seria falho, alem de aumentar o contrabando de armas.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Crítica ao Stephen Ryan - Nacionalismo e Conflito Étnico

Desde o surgimento do nacionalismo no final do século XVIII, houve uma tensão muito grande entre os conceitos de Estado e nação, onde as fronteiras políticas do Estado e as fronteiras culturais da nação não coincidem. De acordo com o Ryan, estas reivindicações introduziram uma linha de falha na política mundial, onde não há qualquer indicação das conseqüências desta tensão que continua a atormentar a sociedade mundial, desta forma, a “Nova ordem Mundial” e a “Nova Europa” ainda estão enfrentando este problema antigo da comunidade internacional.
Após a Europa Ocidental se recuperar da guerra mundial que teve o nacionalismo como um dos fatores que fez a mesma culminar, esta ideologia começou a ser considerada como perigosa e reacionária, principalmente pelos Estados colonizados que eram governados pelas potências ocidentais.
Depois de 1945, o nacionalismo ainda era visto como uma força progressista capaz de mobilizar as pessoas para resistirem ao imperialismo. Nesta época, as vozes ocidentais dominavam o estudo da política mundial mais do que em qualquer outro período. Contudo, o nacionalismo começou a ficar complexo quando comparado ao conceito de etnicidade, especialmente porque muitas das pessoas carregam múltiplas identidades. Por exemplo, quando se falava de conflito étnico, os conceitos que se promoviam eram completamente equivocados, já que se fazia a idéia que as principais causas dos conflitos eram internos a sociedade, como a incapacidade de dois ou mais grupos culturais viverem juntos, outrossim, as causas de conflitos étnicos para Ryan também vem de fatores externos, como a prática colonial, fatores estruturais, má governo ou injustiça social, portanto, estes não podem e nem devem ser ignorados ou subestimados.
De acordo com Ryan, para discutirmos conflitos étnicos é preciso primeiramente definir os conceitos de etnicidade e nacionalismo. Ao conceito do autor, Smith faz uma importante distinção entre etnicidade e nacionalismo. Primeiramente, ele diz que está no modo de pensar sobre o mundo e sobre as pessoas que partilham a mesmo cultura que nós. Um grupo étnico tem um sentimento de solidariedade entre eles e uma associação com um território específico. O nacionalismo, por outro lado, “é uma espécie muito particular de patriotismo, que se torna patente e dominante apenas sobre certas condições sociais, que de fato prevalece no mundo moderno” (Gellner, 1983 p.138). De acordo com Smith (1991), a essência da doutrina do nacionalismo baseia-se no seguinte conjunto de hipóteses: o mundo é dividido em nações, e cada nação é a fonte de todo o poder político, social e de lealdade. Os seres humanos devem se identificar com uma nação, se quiserem ser livres e se realizarem, as nações devem ser livres e seguras,e a paz e a justiça devem prevalecer no mundo.
Logo, o nacionalismo foi sim uma identidade muito poderosa e importante, capaz de unir lealdades pré-existentes, língua, raça, religião e território, entretanto, o nacionalismo é um princípio político que defende que a unidade nacional e a unidade política devem ser congruentes, e não uma ideologia, pois as ideologias transformam a realidade em mitos.
A Etnicidade, ou melhor, os grupos étnicos surgem a medida em que os indivíduos aprendem a executar sua cultura particular, e passam a se relacionar tanto com os membros de seu grupo como de outros, fazendo com que automaticamente apareçam as diferenças, as distinções entre uns e outros, formando assim outros grupos, com um modo de viver semelhante, cultura e objetivos em comum, os grupos étnicos. Ao tratar de conflitos étnicos, como afirmou Ryan, estes realmente podem ser provocados tanto internamente quanto externamente, como o que ocorreu na República Democrática do Congo (ex-Zaire) onde forças armadas de Ruanda, Uganda, Zimbabue e Angola não só tomaram partido das facções congolesas em luta, como acabaram se enfrentando em pleno território congolês. Os conflitos étnicos podem ser despolitizados por elites ou pelas massas.